30 de dezembro de 2009

Queijos

Queijo é uma das coisas que eu mais gosto, desde bem pequeno. Mesmo no Brasil, onde a variedade não é muito grande, sempre comi com muito gosto um bom queijo do reino, um requeijão de Minas ou um queijo coalho - esse descobri já um pouco mais velho, com meus vinte anos, na casa de um amigo em Natal.

Charles de Gaulle uma vez perguntou, referindo-se à França: "Como é possível governar um país que tem duzentos e quarenta e seis tipos de queijo?" Eu não tenho a resposta, mas posso dizer que eu e o Somerfildo temos experimentado vários queijos franceses, para alem dos bem conhecidos (mas não menos gostosos) brie, camembert e roqcquefort. Pode ser difícil governar a França, ou mesmo gerenciar as chamadas "denominações de origem controlada" - que são cerca de 40 - mas comê-los é bem fácil!

Mesmo sem adentrar o mundo dos queijos frescos, artesanais, que é imenso, só entre os produtos pasteurizados, "industriais", a quantidade e a qualidade são grandes. Falaremos de alguns deles.

Pont l'évêque

O Pont l'évêque é um dos queijos mais antigos fabricados na região da Normandia. Embora seja fabricado desde o século XIII (era conhecido como Angelot), deve o seu nome atual à cidade de Pont l'évêque, no departamento de Calvados.

Seu formato é quadrado, é feito de leite de vaca, e possui uma crosta esbranquiçada. É bem macio e tem um sabor peculiar, que é realçado quando o queijo é apreciado na temperatura ambiente.



27 de setembro de 2009

Quarto de hotel

A obra de Edward Hopper (1882-1967) retrata solidão e silêncio, e não é diferente com esse quadro quase quadrado, de 1,50 por 1,60 m, representando uma mulher, semi-nua, em um quarto de hotel, lendo um livro sentada sobre a cama.

Não dá para deixar de imaginar o que ela estaria pensando, que livro está lendo, por que está no apertado quarto de hotel, com as malas ao lado da cama, como quem vai ficar pouco tempo.



Anunciação de Van Eyck

O Museu Thyssen-Bornemisza, junto com o Prado e o Reina Sofia, formam o trio de grandes museus de Madrid, todos na região do Paseo del Prado. As duas coleções lá abrigadas são impressionantes: uma iniciada pelo Barão Thyssen-Bornemisza (1875-1947) e ampliada por seu filho Hans Heinrich e outra, menor mas não menos interessante, que leva o nome da mulher de Hans Heinrich, a ex-Miss Espanha Carmen Cervera (Baronesa Bornemisza).

As coleções têm desde pintura européia dos sécs. XIV e XV até artistas pop, passando pelos impressionistas e pós-impressionistas. Mas queria falar das duas obras de que mais gostei. A "Anunciação", de Van Eyck, um pequeno díptico que me pareceu à primeira vista uma caixinha de vidro com duas estátuas, é uma pintura de técnica impressionante, na qual a Virgem Maria e o Anjo são pintadas em tons monocromáticos, e o resultado é belíssimo.

Jan Van Eyck (1390?-1441) era um detalhista, e com imensa paciência e domínio da técnica, ia acrescentando cada detalhe ao quadro até que este se tornasse como um espelho do mundo real - basta ver o impressionante retrato dos Arnolfini (National Gallery, Londres). Era bem o oposto de seus contemporâneos do Sul da Europa, que iniciavam seus trabalhos por linhas e perspectiva, usando um método de representação da natureza "com precisão quase científica".

Van Eyck representou outras imagens como estátuas; é o caso de S. João Batista e S. João Evangelista no painel para o altar de Ghent (1432), que aparecem em meio a outras imagens "reais". Van Eyck foi um grande desenvolvedor da técnica da pintura, e tido como o criador da pintura à óleo, que lhe permitia obter sombras e transições de cores delicadas, ao contrário da técnica então dominante, a têmpera, que secava muito rápido.




A outra é o "Quarto de Hotel" (1931), de Edward Hopper, que vou comentar no próximo post.


20 de julho de 2009

Devagar se vai à lesma

Por difícil que pareça acreditar, na Inglaterra tem um campeonato mundial de caracóis. Esses bichos nojentos que invadem os jardins de tempos em tempos participam, na cidade de Congham, Norfolk, de um campeonato que neste ano contou com 200 (!) concorrentes.





A pista é composta de dois círculos concêntricos, e os asquerosos gastrópodes devem "correr"do círculo central para o lado de fora do círculo maior. O campeão de 2009 levou 2 minutos e 49 segundos para percorrer os cerca de 33 centímetros (13 polegadas) da pista. O campeão tem direito a um balde cheio de alfaces.

Há uma cidade, Newmarket que é muito famosa pelas corridas de cavalos, e é o maior centro de treinamento de cavalos do país. A organizadora do campeonato de caracóis não tem dúvidas ao afirmar: "Congham é para a corrida de caracóis o que Newmarket é para as corridas de cavalos"...

12 de julho de 2009

Soletrar é preciso



O jornal "Times" mantém um site muito interessante, chamado Spelling Bee (abelha soletradora), com um monte de jogos e desafios sobre palavras, no qual pode-se treinar essa importante qualidade que é escrever corretamente as palavras.

Vale a pena para quem quer aperfeiçoar o inglês.

Desde 2008 o jornal organiza um concurso de soletrar para crianças de 11-12 anos, no qual escolas de todo o país inscrevem seus alunos.

3 de julho de 2009

Been there, done that


Pegada de Buzz Aldrin na superfície lunar, 1969

No próximo dia 20 de julho faz 40 anos que o homem pisou na lua. A BBC fez hoje pela manhã uma entrevista com o pioneiro Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar na lua, depois de Neil Armstrong. Aldrin tem 79 anos e acabou de publicar um livro sobre a aventura lunar.

A certa altura, o entrevistador perguntou o que ele sentia quando olhava hoje para a lua, e Aldrin respondeu imediatamente: "Been there, done that!" (estive lá, fiz isso). Excelente!

Abaixo a letra da música "Armstrong, Aldrin and Collins", de um dos melhores discos dos Byrds, "Ballad of Easy Rider" (1969):


Minus 20 in counting...19..18..17..16..15..14..13..12..11..
10..9..8..7..6..5.. we have ignition..3..2..1..
We have lift off

Armstrong, Aldrin and Collins were launched away in space
Millions of hearts were lifted, proud of the human race
Space control at Houston, radio command
The team below that gave the go they had God's helping hand

7 de junho de 2009

Scratch: Pirando

Hoje pensei que se computadores podem fazer cálculos, monitorar aviões e resolver cubos mágicos, eles podem "pirar"! Realmente, computadores são capazes de gerar frases sem sentido! Veja a rotina em Scratch:























Algumas das frases resultantes:

Meu nariz comeu queijo

Você fritou meu caderno de francês

Dogbert jogou queijo

e por aí vai...


24 de maio de 2009

"If", por Rudyard Kipling (1865-1936)

Somerfildo, esse poema do Kipling é muito bonito. Eu gosto principalmente da parte em que ele diz: "Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,/ De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores. / Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires / Tratar da mesma forma a esses dois impostores"

Veja em seguida ao poema a bela tradução feita pelo poeta paulista Guilherme de Almeida (1890-1969).


If

If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you,
If you can trust yourself when all men doubt you
But make allowance for their doubting too,
If you can wait and not be tired by waiting,
Or being lied about, don't deal in lies,
Or being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise;

If you can dream -and not make dreams your master,
If you can think -and not make thoughts your aim;
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build 'em up with worn-out tools;

If you can make one heap of all your winnings
And risk it all on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breath a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on!"

If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings - nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much,
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run,
Yours is the Earth and everything that's in it,
And - which is more - you'll be a Man, my son!


Se
(tradução de Guilherme de Almeida)

Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais - tu serás um homem, ó meu filho!

17 de maio de 2009

Libélulas, tradição e biopirataria



A foto acima, de uma libélula que acabou de sair do casulo, foi uma das finalistas do concurso internacional Fotógrafo de Jardim do Ano. As fotografias vencedoras do certame estarão expostas no Kew Gardens, em Londres, a partir de 23 de maio, como parte das comemorações dos 250 da instituição.  O Kew, ou Royal Botanical Gardens é um dos maiores jardins botânicos do mundo, abrigando 1 de cada 8 espécies vegetais conhecidas pelo homem.

O Kew foi fundado em 1759, e é hoje um dos mais importantes centros de pesquisa e conservação de espécies vegetais do planeta. No aniversário do tradicional instituto vale a pena contar uma história interessante.

A  seringueira (Hevea brasiliensis), principal fonte da borracha natural, é nativa da Amazônia brasileira, e já era utilizada pelos índios da região. No final do século XIX, o desenvolvimento da borracha vulcanizada e a ampliação de seu uso industrial levou a uma explosão da demanda pelo produto, o que deu início ao chamado "ciclo da borracha", que fez milionários da noite para o dia e motivou a migração interna de milhares de brasileiros para a região, em busca do produto que era vendido a peso de ouro nos mercados internacionais.

Entre 1890 e 1910, ganhou-se tanto dinheiro que a elite local chegava a mandar sua roupa suja para ser lavada na Europa, onde a lavagem era feita com "água limpa". Na época foi construído o Teatro de Manaus, que era de nível internacional, e diz-se que milhares de pedras do calçamento em volta do teatro foram substituídas por tijolos de borracha, ao custo de 10 dólares cada, para as carruagens passarem sem fazer barulho.

Mas isso não durou muito. Em 1876 um sujeito chamado Henry Wickham levou (contrabandeou ou exportou legalmente, de acordo com quem conta a história) sementes de borracha para o Kew Gardens, em Londres. As sementes foram posteriormente enviadas para as colônias inglesas na Ásia, especialmente Malásia e Ceilão (Sri Lanka), mas também para a Indonésia, colônia holandesa. Esses países começaram a produzir borracha em 1910, terminaram com o monopólio brasileiro do produto, e com o aumento da produção os preços caíram vertiginosamente (Clay, Jason W. World agriculture and the environment: a commodity-by-commodity guide to impacts and practices. 2004. p. 334).

A história já era contada pelo gaúcho Vianna Moog: "Não havia o súdito inglês Henry Wickham transportado às escondidas para a Inglaterra as mudas da seringueira da Amazônia? E não tinham estas mudas, depois de aclimadas no Kew Gardens - o jardim botânico de Londres - vingando perfeitamente no Oriente, transformando-se nas maiores plantações de borracha do mundo?" (Moog, Vianna. Bandeirantes e Pioneiros. 1954, p. 37).

Este foi o primeiro caso documentado de biopirataria. Embora na época não houvesse leis específicas que impedissem o inglês de coletar as sementes - 70 mil, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa da Borracha, ele teria apresentado o material na alfândega brasileira como material "morto" para obter a licença de exportação. Um cara muito vivo!

15 de maio de 2009

Airliners



Somerfildo, eu acho que você vai gostar desse site, tem muita coisa sobre aviões, com fotos muito boas, como essa aí de um Ilyushin Il-76T!

E tem uma coisa legal, você pode procurar fotos de aviões em que você já voou, basta botar o nome da empresa e o nome do avião (se tiver), e aparecem várias fotos. Veja aqui o "Pedro Alvares Cabral", da TAP!

Podemos aprender, por exemplo, que um Boeing 737 da Webjet já foi antes da Vasp, da Transbrasil e da Rio-Sul/Nordeste/Varig, portanto está voando há bastante tempo!

9 de maio de 2009

O Cubo de Rubik















Foto: Somer

Hoje consegui resolver meu cubo de Rubik, também conhecido com cubo mágico. O arquiteto húngaro Ernö Rubik (n. 1944) criou o seu primeiro protótipo em 1974, e demorou 1 mês para resolvê-lo. Eu terminei em menos de 15 minutos, graças a este manual (em inglês).

8 de maio de 2009

Maggie (#2)




Margaret Simpson tem eternos 14 meses. E os Simpsons vão apagar 20 velinhas dia 17 de dezembro.

4 de maio de 2009

Maggie



Há exatos 30 anos, nesta data, tomava posse como Primeiro Ministro britânico Margaret Hilda Thatcher, a única mulher até hoje a ocupar o cargo e responsável pela recuperação econômica do país, revertendo momentaneamente a trajetória de decadência perpetrada por anos de orientação estatista.

3 de maio de 2009

"Do not go gentle into that good night" , por Dylan Thomas (1914-1953)

Ouçam Dylan Thomas recitando o belo poema "Do not go gentle into that good night" (1951). Em seguida a tradução de Ivan Junqueira.






Não entres nessa noite acolhedora com doçura,

Não entres nessa noite acolhedora com doçura,
Pois a velhice deveria arder e delirar ao fim do dia;
Odeia, odeia a luz cujo esplendor já não fulgura.

Embora os sábios, ao morrer, saibam que a treva lhes perdura,
Porque suas palavras não garfaram a centelha esguia,
Eles não entram nessa noite acolhedora com doçura.

Os bons que, após o último aceno, choram pela alvura
Com que seus frágeis atos bailariam numa verde baía
Odeiam, odeiam a luz cujo esplendor já não fulgura.

Os loucos que abraçaram e louvaram o sol na etérea altura
E aprendem, tarde demais, como o afligiram em sua travessia
Não entram nessa noite acolhedora com doçura.

Os graves, em seu fim, ao ver com um olhar que os transfigura
Quanto a retina cega, qual fugaz meteoro, se alegraria,
Odeiam, odeiam a luz cujo esplendor já não fulgura.

E a ti, meu pai, te imploro agora, lá na cúpula obscura,
Que me abençoes e maldigas com a tua lágrima bravia.
Não entres nessa noite acolhedora com doçura,
Odeia, odeia a luz cujo esplendor já não fulgura.

Arte invisível!


foto: BBC

Sara Watson, 22, aluna da Universidade de Central Lancashire (Uclan), levou três semanas para tornar um carro invisível!  O velho Skoda Fabia está parado em um estacionamento próximo a seu estúdio, na cidade de Preston (Inglaterra).

A estudante de desenho fazia experiências com o conceito de ilusão,  achou que "precisava de algo mais físico para ter um impacto real", e assim decidiu pintar o carro. De tão bem feito que ficou, muita gente olha a foto e pensa que o trabalho foi feito usando computador.

Parece a solução perfeita para evitar multas por estacionar em local proibido, o único probleminha é que você tem que parar sempre exatamente no mesmo lugar!

25 de abril de 2009

O Maravilhoso Mundo do Lego Arrumado

foto fora de foco: Somerfildo

Franelinhas

- Vai lavar o carro hoje, dotô?
- Não.
- Então é só vigiar né?
- Nem vigiar.

É óbvio que depois de manter esse diálogo com um "franelinha" (também conhecido como "guardador") num dos estacionamentos ditos públicos da capital federal, eu entrei de novo no meu carro e fui procurar outro lugar para estacionar. O sujeito nem era dos mais agressivos, afinal de contas Brasília ainda não é o Rio de Janeiro - onde a extorsão é tradicional, ostensiva e generalizada - no entanto é melhor não arriscar ter o carro arranhado.

Mas a coisa só está piorando, e os depoimentos publicados no Correio Braziliense revelam que os meliantes candangos já começam a utilizar as técnicas sindicais de seus colegas cariocas: estipular um valor pelo serviço inútil, cobrar adiantado e fazer ameaças explícitas. Polícia para coibir essas atividades, nem pensar.

Minha geração, formada que foi no maldito pensamento esquerdista, costuma ser tolerante até certo ponto, porque é claro que o sujeito que é franelinha "não teve outra opção na vida", e é um "excluído". Ninguém pensa isso de fato, é só discurso politicamente correto, e qualquer pessoa minimamente inteligente sabe que se um carro for roubado o franela não vai fazer nada, e o pagamento na prática serve para evitar que ele mesmo danifique o veículo. E até a polícia tem a cara de pau de justificar sua inação sustentando que "não tem como proibir", "eles sempre voltam".

E em algumas cidades brasileiras, essa profissão que nem deveria existir já é organizada em sindicatos, caminho certo para começar a pleitear verbas dos governos para estruturar a "catiguria", e assim em pouco tempo sermos todos extorquidos por franelas com carteira assinada. 

16 de abril de 2009

Maurice Druon (1918-2009)


foto: SIPA Press / NY Times

Morreu ontem aos 90 anos o escritor francês Maurice Druon. Autor do hino da resistência francesa contra os nazistas - o "Chant des Partisans" -, era visto pela esquerda como símbolo do conservadorismo da velha França.

Druon foi por duas décadas presidente da Academia Francesa, Ministro da Cultura e era um ferrenho defensor da língua. Era um crítico do francês coloquial do atual presidente Sarkozy (isso, aquele que fala "chui" ao invés de "je suis", nos seus arroubos de populismo linguístico), e das mudanças políticamente corretas na língua - como o uso de "Madame la Ministre" ao invés do linguisticamente correto "Madame le Ministre".

Abaixo, a letra do "Chant des partisans".

Ami, entends-tu le vol noir des corbeaux sur nos plaines ?
Ami, entends-tu les cris sourds du pays qu'on enchaîne ?
Ohé, partisans, ouvriers et paysans, c'est l'alarme.
Ce soir l'ennemi connaîtra le prix du sang et les larmes.

Montez de la mine, descendez des collines, camarades !
Sortez de la paille les fusils, la mitraille, les grenades.
Ohé, les tueurs à la balle et au couteau, tuez vite !
Ohé, saboteur, attention à ton fardeau : dynamite...

C'est nous qui brisons les barreaux des prisons pour nos frères.
La haine à nos trousses et la faim qui nous pousse, la misère.
Il y a des pays où les gens au creux des lits font des rèves.
Ici, nous, vois-tu, nous on marche et nous on tue, nous on crève...

Ici chacun sait ce qu'il veut, ce qu'il fait quand il passe.
Ami, si tu tombes un ami sort de l'ombre à ta place.
Demain du sang noir sèchera au grand soleil sur les routes.
Chantez, compagnons, dans la nuit la Liberté nous écoute...

Ami, entends-tu ces cris sourds du pays qu'on enchaîne ?
Ami, entends-tu le vol noir des corbeaux sur nos plaines ?




http://www.dailymotion.com

11 de abril de 2009

Sábado de Aleluia

"Imparcialidade é um nome pomposo para a indiferença, 
que por sua vez é um nome elegante para a ignorância"
G. K. Chesterton


Neste sábado de Aleluia fui almoçar com amigos num pub na pequena vila de Flaunden, Hertfordshire, a pouco mais de uma hora de Londres, já no "countryside". O nome bem comum, Bricklayers Arms, esconde um ótimo "gastropub", recomendado pelo guia Michelin, considerado Pub do Ano para Jantar  pelo "Good Pub Guide 2009" e Pub do Ano 2008 pelo "The Great British Pub Awards", entre outros prêmios. Os preços não são altos, com pratos em torno de 15 libras e uma excelente carta de vinhos também a preços razoáveis. 

O pub fica num lugar muito bonito, e é realmente imperdível para quem visita Londres com um pouquinho mais de tempo para ver além das atrações turísticas básicas. O ideal é ir de carro, mas é possível chegar lá de metrô (Metropolitan Line até Watford) e depois pegar um táxi até o pub (talvez cerca de 15 minutos).




Depois do almoço fomos até Beaconsfield, a 20 minutos de carro, onde viveu por anos e está enterrado o grande escritor inglês G. K. Chesterton (1874-1936). Criador das histórias de detetive do Padre Brown, autor de romances e ensaios, era jornalista por profissão e politicamente conservador. Famoso por suas frases cáusticas e irônicas, a maior parte de aplicação imediata no nosso Brasil de hoje, Chesterton dizia que "não é que não tenhamos calhordas em número suficiente para amaldiçoarmos, o que não temos é bastante homens de bem para fazê-lo", e surpreendia-se com o pequeno número de políticos que eram efetivamente enforcados.

A lápide de seu túmulo foi feita pelo artista e tipógrafo Eric Gill, e hoje está na igreja de Sta. Teresa, perto do cemitério, onde foi substituída por uma cópia, pois o original estava se deteriorando. Sta. Teresa era a paróquia de Chesterton, convertido ao catolicismo em 1922, e a igreja traz várias lembranças do escritor, entre elas uma pedra onde está gravado o belo poema  The Ballad of God-Makers, uma leitura inspiradora para a Semana Santa.

5 de abril de 2009

O submarino amarelo


Hoje eu terminei o meu submarino de Lego: o submarino amarelo! Ele tem uma escotilha que funciona e é oco. 


29 de março de 2009

CURTA

Pra quem gosta de máquinas e números!

A calculadora CURTA foi inventada em 1938, por Curt Herztank. Ela é totalmente mecânica, e fácil de usar. Foi apelidada de "o moedor de pimenta" e "granada matemática":









Aqui está um simulador do funcionamento da CURTA, e aqui explicações sobre seu uso (em inglês).

22 de março de 2009

Ysaÿe Quartet no Wigmore Hall


foto: Montgomery Chamber Music Association


Em 2009 faz 200 anos que Joseph Haydn morreu em Viena; em Londres diversos concertos lembram a data. O compositor austríaco é reconhecido como o "pai" do quarteto de cordas, gênero em que escreveu algo em torno de 70 peças, e ontem o Ysaÿe Quartet interpretou quatro deles, no Wigmore Hall, lugar velho conhecido meu e do Somerfildo.

O Ysaÿe Quartet foi formado em 1984 em Paris, e seu nome homenageia o violinista, compositor e maestro belga Eugène Ysaÿe (1858-1931). Em 2003 o quarteto criou seu próprio selo, lançando CDs com repertório de Haydn, Schumann, Mozart e Beethoven, entre outros, com boa repercussão de crítica.

O concerto foi belíssimo, com a sala inteiramente tomada pelo público, e trouxe na primeira parte os quartetos em Sol, op. 33 n.5; e em Si bemol, op. 64 n. 3. A segunda parte apresentou o quarteto em Ré menor, op. 42; e em Mi, op. 54 n. 3.

20 de março de 2009

Primavera!

Hoje começou a primavera! Felizmente a temperatura já vinha subindo em Londres há alguns dias, e a semana teve dias de sol radiante. Percorrendo os jardins da cidade podemos ver um dos símbolos do início da estação: os narcisos (daffodils) em flor.


Foto: Susie

19 de março de 2009

Google Street View - Londres

Foi inaugurado hoje o Google Street View de Londres (gostou né Somerfildo?). Para quem ainda não conhece, você acessa o serviço pela página do Google Maps, escolhe um lugar, clica no ícone do homenzinho no canto superior esquerdo do mapa, e pode ver imagens 360º, no nível da rua. O serviço já estava disponível para outras cidades, entre elas Paris e Roma, mas demorou um pouco mais no Reino Unido.

Parte dessa demora deve-se com certeza a reclamações de grupos como o "Privacy International", que sustenta que o Google precisa da autorização das comunidades para exibir suas imagens. Outro oponente de peso é o partido liberal-democrata, o terceiro maior do país, uma espécie de partido comunista mas que preserva a todo custo determinadas liberdades individuais (se é que isso é possível).

Uma curiosidade é que a maioria das imagens que estão disponíveis hoje foram feitas no final do ano passado, então é possível ver algumas lojas ainda abertas do Woolworths, mas não a de Edgware Road, uma das primeiras a fechar, onde hoje é um Waitroses.

A equipe do Google passou mais de um ano tirando as fotos, em cameras montadas sobre carros, e dirigiu 35 mil quilômetros no país. Além de Londres, o Street View está disponível para outras 24 cidades britânicas, entre elas Manchester, Liverpool, Swansea e Edinburgh.

O Google tentou manter a privacidade dos retratados borrando os rostos, e compromentendo-se a tirar imagens se alguém fizer alguma reclamação. Mas sempre escapam algumas, e o jornal "Times" mostra aqui uma seleção de situações bizarras disponíveis no Street Maps, além de comentar algumas falhas.

A imagem abaixo é do carro que faz as fotos para o Google, flagrado em Londres. O autor das fotos (rothko1) postou mais algumas em seu site no Flickr. Esse carro me lembra o videogame Simpsons - Hit and Run, que joguei muito com o Somerfildo, e que tem uma van preta sinistra com uma antena de satélite, que sempre escapa quando você chega perto.

9 de março de 2009

Engrish

Tem um site, o engrish.com, que traz imagens de mau uso da língua inglesa, geralmente em países asiáticos, e é muito engraçado. Acho que é atualizado semanalmente, com fotos inacreditáveis, como uma de um cartaz que parece anúncio de um curso de inglês, com um menino perguntando: "Can't you speak English?", e os amiguinhos respondendo "Yes, I am!"

Essa semana tem uma plaquinha de mesa em um restaurante de Pequim, onde se pode ler: "No smonking".

A placa abaixo, indicando uma usina nuclear, também na China, está ótima!


8 de março de 2009

Scratch

Scratch é uma nova linguagem de programação criada no MIT. Foi desenvolvida para que jovens possam criar programas facilmente, com resultados impressionantes. O seu slogan é "Imagine, programe e compartilhe". Todos podem compartilhar seus programas no site.

O código é composto por blocos que se encaixam, como Lego. O programa tem versões em várias línguas, e os bloquinhos também são traduzidos:

Aqui está o resultado.

25 de fevereiro de 2009

O olho de Deus


A ESO - Organização Européia para a Pesquisa Astronômica no Hemisfério Sul divulgou hoje imagens da nebulosa Helix (NGC 7293), que está a 700 anos-luz da Terra, na constelação de Aquário.

A nebulosa foi apelidada de "o olho de Deus", e a foto acima foi tirada com um telescópio gigante, no alto de uma montanha em La Silla, no Chile.

O nosso sistema solar terá uma aparência semelhante daqui a 5 bilhões de anos.

No site da ESO há vídeos interessantes da nebulosa, como esse aqui.

24 de fevereiro de 2009

Proibido fazer qualquer coisa ilegal



A placa acima, numa ruazinha da cidade de Oxford, informa que é proibido qualquer comportamento relacionado com bebidas e drogas, de natureza sexual ou  de natureza ilegal. Fica a pergunta: fora beber, que ainda se pode fazer, existe algum lugar público onde as demais atividades são permitidas? 

23 de fevereiro de 2009

Sites interessantes para pessoas curiosas

Alguns sites são realmente úteis e interessantes:







por Somerfildo, correspondente em Brazilla


14 de fevereiro de 2009

Durval Discos

Durval Discos foi uma surpresa para mim. Surpresa ruim.

Em 2003 eu tinha visto o trailer, e ficado interessado no que parecia ser a história. Um sujeito cabeludo (Ary França) que tem uma loja de discos de vinil quando os CDs já começavam a dominar o mercado. Uma trilha sonora de rock brasileiro dos anos 70. Imaginei um filme divertido com esses elementos. 

Acabou que não vi o filme no cinema, e assisti em DVD num fim de semana deste mês. Começa com uma sequência de títulos muito bem feita, pelas ruas de São Paulo. Depois começa a mostrar a loja, a vida do cara, ainda parece bom. Mas o filme degringola para uma história absurda de sequestro de uma menina, que sequer é sugerida no trailer (pelo que me lembro), e se muita gente pode achar isso legal, eu achei fraco.

Não que o trailer tenha que "entregar" o filme todo, não é o que quero dizer, mas também não pode ser uma propaganda enganosa. Então, a história é chata, e a Etty Fraser tresloucada e gritando, no papel de mãe do Durval, é chata demais, e a única coisa que salva é a trilha sonora.

Entre as pérolas está a clássica Mestre Jonas, de Sá, Rodrix e Guarabira (do disco Terra, de 1972), que pode ser vista abaixo em uma versão bem mais recente, gravada pela TV Cultura de São Paulo. É preciso adaptar um pouquinho a letra de uma das melhores músicas do mesmo disco (Blue Riviera), "com toda essa moçada da pesada que hoje está com 30 anos ou mais / E já não deixa cair..." - pelo vídeo acho que a moçada já está com 60 anos ou mais.

Eu digo blue riviera, blue riviera, nos meus olhos e ouvidos
Da sala enfumaçada pr'onde foram meus amigos queridos...


13 de fevereiro de 2009

Perdão

"...assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também"
Colossenses, 3:13


Em 1961, os Estados Unidos viviam o auge da luta pelos direitos civis.  Já tinham se passado seis anos desde que Rosa Parks fora presa por se recusar a dar seu lugar a um branco na parte destinada aos negros de um ônibus, e dali a sete anos seria assassinado Martin Luther King, o líder maior desse movimento.

Foi naquele ano que Elwin Wilson, branco sulista, agrediu John Lewis, ativista negro ligado ao Dr. King, na sala "para brancos" de uma estação de ônibus da Carolina do Sul. John Lewis é hoje deputado republicano pelo estado da Geórgia.

Os dois homens ficaram sem se encontrar desde o ocorrido, até a terça-feira, três de fevereiro, quando Wilson procurou Lewis e pediu perdão pelo que fizera há 48 anos. E Lewis disse - "Tudo bem, eu te perdôo", e os dois se abraçaram.

Abaixo o registro em vídeo, feito pela rede ABC, do emocionante encontro de Wilson e Lewis.




10 de fevereiro de 2009

Vélib

Somerfildo e sua Vélib em pleno inverno


Há um ano e meio foi introduzido em Paris o Vélib, sistema self-service de empréstimo de bicicletas. O esquema de alta-tecnologia tem "estações" computadorizadas espalhadas por toda a cidade, onde o interessado pode retirar uma bicicleta mediante garantia dada por cartão de crédito ou utilizando cartão próprio do sistema, que exige registro antecipado. Custa até 1 euro por cada meia hora - que pode mesmo sair de graça, e quanto mais tempo de uso, mais se paga. A idéia é estimular as viagens curtas.

Vélib é uma mistura de vélo (bicicleta) e liberté (liberdade), e as primeiras 20 mil bicicletas foram postas à disposição do público em julho de 2007, pelo prefeito socialista de Paris, Bertrand Delanoe. É muito legal poder pegar uma bicicleta, dar uma voltinha e depois deixá-la em outro lugar, de modo que mesmo no inverno a procura é grande. Como bem sabe o Somerfildo, no inverno dá pra andar de Vélib, mas precisa de luvas!

O que a prefeitura - e a JCDecaux, empresa que presta o serviço - não imaginavam foi o alto número de bicicletas roubadas e danificadas nesse período. Algumas são penduradas em árvores, jogadas no rio e até mesmo "exportadas" para outros países! A imprensa relata casos de Vélibs encontradas em países da África e da Europa Oriental. Cada uma custa cerca de 400 euros.

A JCDecaux tem reclamado que só a prefeitura está lucrando com o esquema - ganhou 20 milhões de euros no primeiro ano, enquanto a empresa arca com os custos operacionais. Deve ser mesmo um bom negócio para o Estado, porque Bertrand Delanoe já pensa agora em um novo sistema de transporte: os Autolibs, 2.000 carros movidos a energia limpa, que devem estar disponíveis a partir de outubro de 2009.



120.000 viagens 
de Vélib são feitas por dia em Paris

7.800 bicicletas
já foram roubadas desde 2007

11.600 bicicletas
foram vandalizadas

500 funcionários
fazem a manutenção das Vélibs


9 de fevereiro de 2009

8 de fevereiro de 2009

Oncinha pintada, zebrinha listrada, coelhinho peludo...

Sabemos da obsessão dos ingleses - ou pelo menos de boa parte da mídia britânica - com listas. Eles fazem listas ordenadas de tudo, desde celebridades até os melhores programas de TV ou o melhor momento esportivo de todos os tempos.

Estão nessa linha os pequenos concursos feitos geralmente em jornais e websites, para escolher o melhor pub, o melhor lugar para tirar férias, a melhor foto de neve, e por aí vai.

O Sunday Telegraph pediu aos seus leitores que enviassem fotos dos seus "bichinhos de estimação mais fofos", e mostra em seu site o resultado: ratinhos, coelhinhos, um gavião (!) e, acreditem, um porco-espinho pigmeu africano chamado Spike, que pertence a uma garotinha de 6 anos do País de Gales.

Com a ajuda de especialistas - é, por aqui existem especialistas até em animais de estimação fofos - foi eleito o vencedor: é o ratinho prateado russo Vinny, que pode ser visto na foto abaixo.




Foto publicada no site do Telegraph

6 de fevereiro de 2009

Canal do Monty Python no YouTube

"Por três anos vocês usuários do YouTube têm se aproveitado de nós, pegando dezenas de milhares de nossos vídeos e botando no YouTube. Agora a coisa mudou. É hora de cuidarmos do assunto com as nossas próprias mãos. Nós sabemos quem vocês são, sabemos onde moram e poderíamos perseguir vocês de formas horríveis. Mas como somos gente boa, arranjamos uma maneira melhor de ter de volta o que é nosso. Lançamos nosso próprio canal no YouTube."

É assim que os comediantes do Monty Python começam o texto que anuncia o lançamento de seu canal de vídeos no YouTube, que promete mostrar vídeos de alta qualidade dos arquivos do grupo, e "não mais esses vídeos de péssima qualidade" que os fãs postavam. E tudo de graça.

Vale a pena relembrar cenas clássicas, como a luta do Rei Artur com o Cavaleiro Negro, do filme Monty Python e o Cálice Sagrado (1974), um dos meus favoritos e do Somerfildo também.

Outro muito bom é o "ministério de caminhadas idiotas" (Ministry of Silly Walks), do Monty Python Flying Circus. Tem muitos outros legais, vale a pena conferir. Veja abaixo o vídeo em que os integrantes do grupo anunciam a criação do canal.





3 de fevereiro de 2009

Novo anúncio da Peugeot

A Peugeot começou ontem uma nova campanha para aumentar a "desejabilidade" - isso só pode ser coisa de publicitário - da marca no Reino Unido.

Bacana é a música, "Suspicious Minds" - só faltava ser a versão do Elvis.

Piada de polonês

Um imigrante polonês vai ao Detran para tirar carteira de motorista.

Ele tem que fazer um exame de vista.

O oculista mostra um cartão com as letras

"C Z W I X N O S T A C Z"

e pergunta ao polonês: "O senhor consegue ler?"

"Ler?", responde o polonês, "Eu conheço esse cara!"


2 de fevereiro de 2009

Receita de Rabada com Agrião


A rabada que a minha mãe faz é sem dúvida a melhor do mundo. Segue a receita para quem quiser tentar. As fotos são da última vez que ela fez pra nós, no Rio, em dezembro.


RABADA COM AGRIÃO

INGREDIENTES (para 4 pessoas)

• 2 kg de rabada, cortada em pedaços;
• 2 colheres de sopa de óleo;
• 2 cebolas médias picadas;
• 1 amarrado de salsinha e cebolinhas sem picar;
• 4 a 5 tomates sem a pele e sementes picados (pode ser tomate pelati);
• 2 dentes de alho, bem picados;
• sal e pimenta do reino, a gosto;
• pimenta vermelha ou molho de pimenta (tabasco)


MANEIRA DE FAZER:

1 - Remova o sebo e o excesso de gordura dos pedaços de rabada e lave.

2 - Coloque o óleo em panela grande onde será feita a rabada e leve ao fogo. Quando aquecer, junte os pedaços de rabada e deixe fritando até dourar.

3 - Escorra a gordura, tempere com sal e pimenta do reino e molho de pimenta (tabasco); junte a cebola picada, tomate, alho e o amarrado de cheiro verde. Mexa um pouco e cubra com água já aquecida na chaleira. Tampe a panela e deixe cozinhando em fogo baixo, mexendo de vez em quando até que a carne da rabada esteja bem macia, quase se desprendendo do osso. normalmente esse cozimento leva de duas a três horas. Durante o cozimento acrescente mais água se for o caso.

4 - Poucos minutos antes de servir, junte o agrião. Caso queira, coloque 4 ou 5 batatas descascadas e cortadas em pedaços, cerca de meia hora antes de terminar o cozimento.

NOTA: quando a rabada estiver cozida, antes de colocar o agrião, verifique se o caldo ainda está com muita gordura. Nesse caso retire o excesso com uma colher.

Fotos da neve

Neve, muita neve!

Hoje eu acordei, lá pelas 8, e estava tudo branco de neve. Não eram aqueles floquinhos de sabão em pó, era neve de Sibéria, de fazer boneco com cenoura no nariz, de afundar o pé.

É a primeira vez que vejo isso no centro de Londres. Segundo o Telegraph, milhares de britânicos estão em casa, sem poder ir para o trabalho, por causa da neve de 1 pé (cerca de 30 cm) que cobriu o país durante a noite. Aeroportos importantes como Gatwick e London City fecharam, grande parte dos trens foi cancelada e os carros andam em baixa velocidade nas estradas que estão abertas.

Vejam abaixo algumas fotos tiradas da minha janela com o macbook, e aguardem novas notícias a qualquer momento!




1 de fevereiro de 2009

Tyburn Tree




Por séculos a menção do nome Tyburn Tree foi motivo de horror para os católicos na Inglaterra. Entre 1535 e 1679 quase 400 católicos foram executados, por se recusarem a abandonar sua fé. Em 1571, a Rainha Elizabeth I mandou construir, no encontro das antigas estradas romanas Tyburn Road (hoje Oxford Street) e Tyburn Lane (Park Lane), o triplo cadafalso, que permitia múltiplas execuções. A estrutura era forte o suficiente para enforcar oito pessoas em cada lado, e pode ser vista na reprodução acima, do quadro "Os 40 mártires da Inglaterra e Gales", de Daphne Pollen (1904- ).

Os primeiros mártires a morrerem no local foram São João Houghton e mais quatro padres que se recusaram a aceitar a autoridade de Henrique VIII como chefe da nova igreja. Isso foi em 1535. O último mártir católico a morrer em Tyburn foi São Oliver Plunkett, Arcebispo de Armagh, em 1679.

Até hoje católicos fazem uma peregrinação anual a Tyburn Tree, que ficava exatamente, caro Somerfildo, naquela "ilha" que você costuma atravessar, entre as duas pistas da Edgware Road, onde acaba a Bayswater Road. Sim, ali há uma pedra redonda na calçada, marcando, desde 1950, o exato lugar das execuções.

Há projetos do conselho de Westminster de fazer um monumento mais adequado às centenas de mártires, o que encontra resistência de alguns porque associaria uma das áreas comerciais mais movimentadas da cidade com a perseguição de católicos.




30 de janeiro de 2009

Mind the gap!

South Ferry, a primeira estação nova do metrô de Nova York em 20 anos, custou US$ 530 milhões e já estava pronta para ser inaugurada, neste mês, quando perceberam que o vão (gap) entre o trem e a plataforma era uma polegada maior do que o permitido pela legislação federal.

A lei, que é direcionada aos deficientes físicos ( "Americans with disabilities", na linguagem politicamente correta federal), tolera um máximo de 3 polegadas - cerca de 7,6 centímetros - de vão. Por isso a inauguração será adiada em várias semanas, para a instalação de uma extensão de borracha, que custará US$ 200 mil.

Já o metrô de Londres divide seus vãos em três categorias: A (pequeno), B (médio) e C (grande). Só que o "pequeno" pode ter até 3,3 polegadas (8,5 cm), e o "grande" pode variar entre 7 e 10 polegadas - 18 a 25 centímetros! Notamos que o inglês com "disabilities" ou é mais lépido e safo ou então sofre muito mais do que seu cumpanhero americano!

Dá para entender porque os passageiros são bombardeados nas estações londrinas com os anúncios de "Mind the gap!" (atenção para o vão!), chegando ao cúmulo de estações onde a frase é repetida continuamente enquanto o trem estiver na estação.

As estações com os maiores vãos são Bank (Central Line) e Waterloo (Bakerloo Line). Reza a lenda que o vão na estação de Bank é enorme porque os operários que cavaram o metrô tiveram que desviar repetidamente da trajetória planejada para não atingir os gigantescos cofres subterrâneos do Banco Central inglês, que fica sobre a estação.


Foto encontrada na internet

20 de janeiro de 2009

Ingredientes, temperos, etc. - Inglês-Português

Ervas, temperos e especiarias já foram mercadoria muito disputada e cara, que fez a fortuna dos comerciantes e navegadores que as vendiam a peso de ouro. Hoje estão disponíveis em todo lugar, e os preços são acessíveis, com raras exceções, como o açafrão verdadeiro (crocus sativus), que sempre foi e continua sendo caríssimo. Mas esse é um caso à parte, pois para obter 12 gramas de açafrão seco é necessário um quilo das flores de açafrão.

No Brasil se vende como açafrão a curcuma moída, uma planta totalmente diferente, da qual é produzido um pó de cor amarela, mas não tem nada a ver com o açafrão verdadeiro. A curcuma é conhecida em inglês como turmeric.

Pra quem gosta de cozinhar e usa de vez em quando receitas em inglês, é bom saber um pouco os nomes dos temperos e ingredientes. Abaixo seguem alguns.


Temperos
anise anis, erva-doce
basil manjericão
chives mini-cebolinha
rosemary alecrim
thyme tomilho
saffron açafrão
sage sálvia
parsley salsa
scallion cebolinha
coriander coentro
shallot chalota [échalotte - fr]
turmeric curcuma
bell pepper pimentão
cummin cominho
tarragon estragão

Nuts
cashew nut castanha de caju
chestnut castanha
brazil nut castanha do pará

Berries
blueberry mirtilo, uvas do monte, arando
raspberry framboesa
gooseberry groselha
cranberry oxicoco
blackberry amora silvestre
strawberry morango

19 de janeiro de 2009

Compare the Meeeerrrkatt dot com

O novo anúncio do site CompareTheMarket.com também é muito engraçado.

O meerkat (ou suricato) é um pequeno mamífero nativo do sul da África. Por outro lado, "meerkat" é como um russo com sotaque falaria a palavra "market". O meerkat Aleksandr tem nome e sotaque russos.

Os criadores do anúncio chegaram até mesmo a fazer um site do CompareTheMeerkat.com.


Woolie e Worth

A tradicional rede de lojas Woolworths,  espécie de Lojas Americanas inglesa, sucumbiu vítima da crise financeira. Os dois personagens de seus anúncios na TV, o carneirinho de pelúcia Woolie e o cachorro Worth vão deixar saudades, pelo menos pra mim e para o Somerfildo.

A rede tinha 815 lojas, e a primeira foi aberta em 1909, na cidade de Liverpool. Entrou em concordata em novembro passado e fechou as portas ainda em dezembro, pouco antes de completar 100 anos.

Para relembrar, esse anúncio com o Darth Vader, de 2007, é muito bom!


17 de janeiro de 2009

Andrew Wyeth (1917-2009)


"Christina's World" (1948, MoMA)

Morreu aos 91 anos Andrew Wyeth, um dos maiores pintores americanos, verdadeiro herói da resistência à "fashion art", à arte da moda do séc. XX. Como notou Richard Lacayo em artigo na Time, bem depois de deixar de ser modismo, ou mesmo permitido, Wyeth prosseguiu fazendo quadros realistas, com o tipo de pincelada que descreve o mundo em detalhes quase moleculares.

Foi em 2005 que eu e Somerfildo vimos, no Museu de Arte Moderna de Nova York, seu quadro mais famoso, O mundo de Christina (Christina's world), lado a lado com outra obra prima, Casa ao lado da estrada de ferro (House by the railroad), de outro resistente, o grande Edward Hopper. As duas obras estão, segundo Lacayo, numa espécie de ante-sala, às margens das mais "respeitáveis" galerias de arte "moderna" propriamente dita.

O mundo de Christina mostra uma menina paralítica, em um campo, olhando em direção a uma casa de fazenda, e foi pintado usando têmpera, uma técnica tradicional que Wyeth dominava, mas que tornava muito lenta a execução de seus trabalhos. O quadro é um ícone da cultura popular norte-americana.

Andrew Wyeth nasceu em uma família de artistas, e começou seu aprendizado com 15 anos no estúdio de seu pai, N. C. Wyeth, pintor e ilustrador. Segundo Paul Johnson, Andrew era o oposto do "artista da moda" do séc. XX : trabalhava de forma discreta, longe dos olhos do público; quase nunca falava de sua obra, se pudesse evitar; era lento, cuidadoso, auto-crítico e pouco se importava com o sucesso comercial.

Ainda assim foi extremamente popular; em 1976 recebeu uma grande retrospectiva no Metropolitan Museum de Nova York, e foi o primeiro norte-americano a ter uma retrospectiva na Royal Academy of Arts, em Londres.

Abaixo um belo vídeo de cerca de 10 minutos, feito por um usuário do You Tube, que mostra muitos trabalhos de Andrew Wyeth.


Uma boa coleção das obras de Wyeth (YouTube)




11 de janeiro de 2009

Alan Aldridge no Design Museum



"Pai, vamos viajar?" - me disse o Somerfildo, mostrando que entendeu bem o conceito por trás do trabalho de Alan Aldridge. A retrospectiva do ilustrador inglês ocupa boa parte do último andar do Design Museum em Londres (até 25 de janeiro), e visitá-la é voltar ao anos 1960, com cores fortes, imagens surrealistas e música dos Beatles, Rolling Stones e Pink Floyd.

Meu primeiro contato com o trabalho de Aldridge foi há muito tempo, por meio de um songbook dos Beatles, com ilustrações lisérgicas das canções, quase todas expostas no museu. Quando soube da exposição, não liguei imediatamente o nome ao trabalho, e quando o fiz, resolvi ir com o Somerfildo, também fã do quarteto de Liverpool.

"Quem precisa de drogas quando tem disponível Alan Aldridge para traduzir a música em imagens?", teria dito Nick Mason, o baterista do Pink Floyd. Justifica-se para o ilustrador a autodenominação de "o homem dos olhos de caleidoscópio", título retirado da letra de Lucy in the Sky with Diamonds.

Os trabalhos para os Beatles - Aldridge era consultor da Apple Records - estão talvez entre os mais conhecidos, mas Aldrige também é o autor da capa do megasucesso de Elton John, "Captain Fantastic and The Brown Dirt Cowboy" (1975), e foi designer de capas de livros para a editora Penguin. Também criou as marcas das casas noturnas "Hard Rock Café" e " House of Blues".

Uma das salas traz um Mini Cooper pintado especialmente para a retrospectiva, no estilo psicodélico de Aldridge, já anunciando os 50 anos do lançamento do primeiro Mini (foi em 1959), que será certamente motivo de comemorações na Inglaterra.

Houve tempo em que Aldridge ilustrou livros infantis - a sala onde o Somerfildo queria "viajar" tinha as paredes cobertas por espelhos e grandes móbiles pendurados no teto, com as tais ilustrações. Somerfildo notou que se ele fosse criança pequena ia ter era medo daquelas figuras, umas moscas e outros bichos gigantes, coloridos e surrealistas.

A exposição é interessante principalmente para quem não conhece, mas mostra também que o ilustrador continua vivendo do mito que criou, e seu trabalho recente é talvez um pouco repetitivo - mas é uma viagem!











6 de janeiro de 2009

Barbalala


Barbalala, a filhinha do meu compadre BB, com sua mamadeira nova!