27 de setembro de 2009

Anunciação de Van Eyck

O Museu Thyssen-Bornemisza, junto com o Prado e o Reina Sofia, formam o trio de grandes museus de Madrid, todos na região do Paseo del Prado. As duas coleções lá abrigadas são impressionantes: uma iniciada pelo Barão Thyssen-Bornemisza (1875-1947) e ampliada por seu filho Hans Heinrich e outra, menor mas não menos interessante, que leva o nome da mulher de Hans Heinrich, a ex-Miss Espanha Carmen Cervera (Baronesa Bornemisza).

As coleções têm desde pintura européia dos sécs. XIV e XV até artistas pop, passando pelos impressionistas e pós-impressionistas. Mas queria falar das duas obras de que mais gostei. A "Anunciação", de Van Eyck, um pequeno díptico que me pareceu à primeira vista uma caixinha de vidro com duas estátuas, é uma pintura de técnica impressionante, na qual a Virgem Maria e o Anjo são pintadas em tons monocromáticos, e o resultado é belíssimo.

Jan Van Eyck (1390?-1441) era um detalhista, e com imensa paciência e domínio da técnica, ia acrescentando cada detalhe ao quadro até que este se tornasse como um espelho do mundo real - basta ver o impressionante retrato dos Arnolfini (National Gallery, Londres). Era bem o oposto de seus contemporâneos do Sul da Europa, que iniciavam seus trabalhos por linhas e perspectiva, usando um método de representação da natureza "com precisão quase científica".

Van Eyck representou outras imagens como estátuas; é o caso de S. João Batista e S. João Evangelista no painel para o altar de Ghent (1432), que aparecem em meio a outras imagens "reais". Van Eyck foi um grande desenvolvedor da técnica da pintura, e tido como o criador da pintura à óleo, que lhe permitia obter sombras e transições de cores delicadas, ao contrário da técnica então dominante, a têmpera, que secava muito rápido.




A outra é o "Quarto de Hotel" (1931), de Edward Hopper, que vou comentar no próximo post.


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