Does anybody here remember Vera Lynn?
Remember how she said that we would
meet again some sunny day?
Pink Floyd - Vera, do disco The Wall
Eu ouvi essa música muitas vezes, o disco duplo (de vinil) era um dos meus favoritos, mas infelizmente eu não lembrava de Vera Lynn, e nem de ela ter dito que nos encontraríamos novamente num dia de sol. Tempos depois fui saber que Vera Lynn é uma cantora inglesa nascida em 1917, que nos tempos da Segunda Guerra era conhecida como a "queridinha das Forças Armadas", e gravou a canção We'll meet again, a que se refere a música do Pink Floyd.
Vera também ficou famosa pela gravação de
White Cliffs of Dover, outra música cheia de esperança, que fala que "haverá pássaros azuis sobre os Rochedos Brancos de Dover, amanhã, espere e verá". Mas não era em Vera Lynn, e sim na gravação de
Cliffs of Dover, do grande guitarrista Eric Johnson, que eu pensava ao entrar de carro com o Somerfildo no "ferry" que faz a travessia Dover-Calais. Não havia pássaros azuis - até porque, ao contrário do que a letra da canção pode fazer supor, o "bluebird" é um pássaro nativo da América do Norte, e não existe nas Ilhas Britânicas - e às quatro e pouco da tarde já quase anoitecia.

Entrada do porto de Dover
O porto de Dover é um dos mais importantes do Reino Unido. Em apenas um dia de dezembro de 2008, transportou 78 mil passageiros, 16 mil carros, 500 ônibus e quase cinco mil caminhões de carga, em mais de 60 chegadas e partidas de "ferries", a maioria para a França (Calais e Dunkerque).
Ao chegar no porto já vimos logo os enormes rochedos - podem chegar a 100 metros de altura, compostos em grande parte por carbonato de cálcio (isso mesmo, giz!), que contemplam, imponentes, a Europa continental exatamente na parte onde o canal é mais estreito.
Os rochedos escondem um intrincado sistema de túneis, que foram construídos na época das guerras napoleônicas, ao final do séc. XVIII, e foram utilizados na famosa retirada de Dunkerque, quando mais de 300 mil soldados britânicos foram resgatados, em 1940. Mas os túneis permaneceram um segredo militar, servindo no tempo da Guerra Fria de centro de comando nuclear, e apenas em 1984 foram tornados públicos, fazendo parte hoje do patrimônio nacional (English heritage).
A travessia de Dover para Calais é tranqüila, cerca de 1 hora e meia no "ferry". O navio transporta os carros no porão, e tem vários andares com restaurantes, bares e até um "free-shop". Tempo suficiente para comer calmamente um bate-entope (ok, a comida é ruim) e começar a me preparar psicológicamente para dirigir do numa estrada normal com um carro inglês!
Os rochedos brancos, ao cair da tarde