31 de dezembro de 2008

Saint-Denis

Foi num dia frio e chuvoso de inverno que eu fui com o Grande Ratoberto (influências de Pyongyang - ver post anterior) visitar a Basílica de Saint-Denis, em um subúrbio ao norte de Paris. Ela foi construída no século V sobre o cemitério romano onde São Denis, primeiro bispo de Paris (martirizado em 250 AD), foi enterrado.

A partir do século VI a maioria dos reis e rainhas de França foram enterrados lá, de Clóvis (século V) até Luís XV. No século XII o abade reformou a igreja, transformando-a em uma das primeiras obras de arquitetura gótica. 



Altar a Nossa Senhora e vitrais em St. Denis

Durante a Revolução Francesa, várias tumbas foram violadas. Em 1814, na Restauração, Luís XVIII trasladou os corpos de Luís XVI e Maria Antonieta da igreja Madeleine. Todos os que reinaram nessa época (Luís XVIII,  Carlos X e Luís Felipe) também estão enterrados lá.



Somerfildo com Luís XVI e Maria Antonieta

A cripta dá muito medo, porque é escura e apertada em algumas partes, mas é muito legal. Em uma parede estão escritos os nomes de todos os reis de França.



Túmulos dos últimos Bourbons de França

28 de dezembro de 2008

Pyongyang - uma viagem à Coréia do Norte




Vale a pena ler a história em quadrinhos Pyongyang (2003), de Guy Delisle, relato de dois meses que o animador canadense passou na capital da Coréia do Norte. Na época, o bizarro país asiático já era o maior recipiente de ajuda humanitária em todo o mundo, dinheiro que serve para preservar a memória do Grande Líder, Kim Il Sung (1912-1994) - pai do atual ditador Kim Jong Il e criador desse tenebroso parque temático esquerdista -, e ao mesmo tempo manter sua população na pobreza e nas trevas (literalmente, pois não há luz elétrica na maioria dos lugares por lá).

Muitos dos fatos absurdos registrados por Delisle são mais ou menos divulgados pela mídia: a obrigatoriedade de um guia local para acompanhar qualquer estrangeiro ou a proibição de visitar lugares como uma simples estação de trem (a não ser aquelas designadas especificamente), o controle absurdo que o Estado exerce sobre a população e a total inexistência de informações confiáveis sobre qualquer assunto . 

O metrô de Pyongyang fica a noventa metros de profundidade, e em caso de ataque, serve de abrigo anti-nuclear. Delisle diz não ter conhecido ninguém que tenha ido a mais de duas estações, e a por ele visitada tinha uma iluminação "digna de Las Vegas em uma cidade que mal tem eletricidade para alimentar os sinais de trânsito". O infame vídeo de propaganda disponível no YouTube mostra o tal metrô sendo visitado por "turistas" (os quais, sabemos, não existem naquele país).

O monstro Kim Jong Il, herdeiro daquela que Delisle chama de "a primeira e única dinastia comunista" (há controvérsias - o que dizer de Raúl Castro?), declarou em 1996 que "para a reconstrução de uma nova sociedade, apenas 30% da população precisa sobreviver". E nisso o país tem sido extremamente bem sucedido.

Kim Jong Il  é um anão tarado, que vive à base de conhaque Henessy e caviar enquanto o povo é forçado a uma dieta de 250 gramas de arroz por dia. Durante um período de fome generalizada nos anos 1990, quando morreram três milhões de pessoas, a fabricante francesa daquele conhaque revelou que a Coréia do Norte era um de seus melhores clientes, segundo Delisle. A cúpula do partido comunista vive em um enclave, uma cidade dentro da cidade, onde consomem do bom e do melhor.

A primeira tradução de Pyongyang foi para o idioma coreano - na Coréia do Sul, naturalmente -, e os editores daquele país ficaram satisfeitos por Delisle, ainda que irônico, não ter descrito uma visão "caricatural" do vizinho do Norte - afinal de contas são todos coreanos. O site do autor traz alguns interessantes comentários e perguntas do tradutor coreano (em francês).

O livro tem tradução em português,  publicado pela editora Zarabatana. Recomendamos.

24 de dezembro de 2008

White Cliffs of Dover

Does anybody here remember Vera Lynn? 
Remember how she said that we would 
meet again some sunny day? 
Pink Floyd - Vera, do disco The Wall


Eu ouvi essa música muitas vezes, o disco duplo (de vinil) era um dos meus favoritos, mas infelizmente eu não lembrava de Vera Lynn, e nem de ela ter dito que nos encontraríamos novamente num dia de sol. Tempos depois fui saber que Vera Lynn é uma cantora inglesa nascida em 1917, que nos tempos da Segunda Guerra era conhecida como a "queridinha das Forças Armadas", e gravou a canção We'll meet again, a que se refere a música do Pink Floyd.

Vera também ficou famosa pela gravação de White Cliffs of Dover, outra música cheia de esperança, que fala que "haverá pássaros azuis sobre os Rochedos Brancos de Dover, amanhã, espere e verá". Mas não era em Vera Lynn, e sim na gravação de Cliffs of Dover, do grande guitarrista Eric Johnson, que eu pensava ao entrar de carro com o Somerfildo no "ferry" que faz a travessia Dover-Calais. Não havia pássaros azuis - até porque, ao contrário do que a letra da canção pode fazer supor, o "bluebird" é um pássaro nativo da América do Norte, e não existe nas Ilhas Britânicas - e às quatro e pouco da tarde já quase anoitecia.



Entrada do porto de Dover

O porto de Dover é um dos mais importantes do Reino Unido. Em apenas um dia de dezembro de 2008, transportou 78 mil passageiros, 16 mil carros, 500 ônibus e quase cinco mil caminhões de carga, em mais de 60 chegadas e partidas de "ferries", a maioria para a França (Calais e Dunkerque).

Ao chegar no porto já vimos logo os enormes rochedos - podem chegar a 100 metros de altura, compostos em grande parte por carbonato de cálcio (isso mesmo, giz!), que contemplam, imponentes, a Europa continental exatamente na parte onde o canal é mais estreito.

Os rochedos escondem um intrincado sistema de túneis, que foram construídos na época das guerras napoleônicas, ao final do séc. XVIII, e foram utilizados na famosa retirada de Dunkerque, quando mais de 300 mil soldados britânicos foram resgatados, em 1940. Mas os túneis permaneceram um segredo militar, servindo no tempo da Guerra Fria de centro de comando nuclear, e apenas em 1984 foram tornados públicos, fazendo parte hoje do patrimônio nacional (English heritage). 

A travessia de Dover para Calais é tranqüila, cerca de 1 hora e meia no "ferry". O navio transporta os carros no porão, e tem vários andares com restaurantes, bares e até um "free-shop". Tempo suficiente para comer calmamente um bate-entope (ok, a comida é ruim) e começar a me preparar psicológicamente para dirigir do numa estrada normal com um carro inglês!


Os rochedos brancos, ao cair da tarde

23 de dezembro de 2008

Pôr do sol em Parliament Hill


Bonito pôr do sol em Londres, cerca de 4 :30 da tarde, um dia antes
do solstício de inverno - o dia mais curto do ano no hemisfério norte.

22 de dezembro de 2008

Revolucionário

Outro dia fui com Somerfildo ao cemitério de Highgate, onde estão os túmulos de Michael Faraday, George Eliot, Herbert Read e Karl Marx. É natural que, com o fascínio que o esquerdismo exerce entre muitas pessoas de boa fé, o do velho furunculento seja o mais visitado.

Lendo aquelas tão sábias palavras, "os filósofos somente interpretam o mundo de várias maneiras; o ponto entretanto é mudá-lo", lembro-me das sábias palavras (agora sem ironia) de G. K. Chesterton, que afirmou que "o reformador está sempre certo sobre o que está errado - ele está geralmente errado sobre o que é certo". Eu não desejo a ninguém ser vítima de uma dessas tão bem intencionadas "reformas" feitas por marxistas e assemelhados.

Também está na lápide o slogan "Trabalhadores do mundo, uni-vos" - inspiração para uma pichação em uma estátua de Marx em Moscou, após o fim da União Soviética - "Trabalhadores do mundo, perdoem-me", bem mais profunda que a original. Afinal de contas não houve sequer uma experiência concreta de comunismo que tenha dado certo. E quem possa ter dúvida disso pode ver o documentário The Soviet Story (2008), de Edvins Snore.


21 de dezembro de 2008

Almoço de aniversário do Somerfildo

Pra comemorar o aniversário do meu querido Somerfildo, fomos comer no Rose and Crown, em Highgate. O Somer comeu, bem feliz, um nhoque de trufas ("Home-made truffle gnocchi, wild mushrooms, Madeira veloute and red wine syrup"), e eu um peito de pato ("Honey glazed barbary duck breast, smoked bacon hash, savoy cabbage and red wine").

O restaurante foi reformado recentemente, e é bem agradável. Era um gastropub comum, e agora é um restaurante ligeiramente mais sofisticado, mas não muito caro. A comida estava muito boa, recomendamos.

Rose & Crown - Highgate
86 Highgate High Street, London, N6 5HX





Peito de pato ao mel, pure com bacon e repolho ao molho de vinho




Nhoque de trufas com cogumelos selvagens e veloute de Madeira

23 de novembro de 2008

London Song, por Ray Davies

Ray Davies, o fundador, cantor e compositor do The Kinks, autor de sucessos como You Really Got Me, é para muitos o "Padrinho do Brit Pop".  Fez músicas famosas sobre Londres, e em Waterloo Sunset diz que "não preciso de amigos / contanto que contemple o por do sol em Waterloo / eu estou no Paraíso".

Mas tem essa outra música dele sobre Londres, que fala de um monte de coisas da cidade, e encontrei no You Tube essa montagem, muito bem feita, que mostra os lugares que ele canta, e faz referência aos temas dos post anteriores de hoje. Ele fala de William Blake, autor do retrato nada positivo de Londres no final do séc. XVIII, e de Highgate, a colina (e bairro) de onde, diz, num dia claro, se pode ver Leicester Square. Veja o vídeo!





There's a room in a house in a street in a manor in a borough
That's part of a city that is generally referred to as London
It's a dark place, a mysterious place
And it is said that if you're born within the sound of Bow-Bells
You have the necessary qualifications to be christened a Londoner

[It's a cruel place, it's a hard place]

But when you think back to all the great Londoners
William Blake, Charles Dickens, Dick Whittington,
Pearly kings, Barrow boys, Arthur Daley, Max Wall
And don't forget the Kray twins

But if you're ever up on Highgate Hill on a clear day
You can see right down to Leicester Square [London, London]
Crystal Palace, Clapham Common, right down to Streatham Hill
North and South, I feel that I'm a Londoner still [London, London]

Chiswick Bridge to Newham and East Ham
Churchbells ring out through the land
You were born in London, England

[London, London, through the dark alley-ways and passages of London]

And there's a tap by a reservoir, leading to a stream,
That turns into a river estuary that eventually opens to the sea
[London, London]
And there's a docker by a wharf, sending cargo overseas,
Unloading foreign trade from a large ocean vessel
In the mighty metropolitan port of London

[London, London, through the dark alley-ways and passages of London]

When I think of all the Londoners still unsung
East-enders, West-enders, Oriental-enders
Fu Manchu, Sherlock Holmes, Jack Spock, Henry Cooper,
Thomas A'Becket, Thomas More, and don't forget the Kray twins

There's a part of me that says "Get out"

O verdadeiro mapa do metrô de Londres

O diagrama do metrô de Londres foi criado em 1931 por Harry Beck, um empregado do London Underground, que o desenhou em seu tempo livre.

Antes de Beck, o mapa tinha distâncias precisas. Hoje é mais fácil de ser consultado, mas não corresponde em nada à realidade:


fonte: wikimedia

Veja agora o mapa com as distâncias e trajetos reais:






Lugares - Highgate

London, por William Blake (1757-1827)


I wander through each chartered street,
Near where the chartered Thames does flow,
A mark in every face I meet,
Marks of weakness, marks of woe.

In every cry of every man,
In every infant's cry of fear,
In every voice, in every ban,
The mind-forged manacles I hear:

How the chimney-sweeper's cry
Every blackening church appals,
And the hapless soldier's sigh
Runs in blood down palace-walls.

But most, through midnight streets I hear
How the youthful harlot's curse
Blasts the new-born infant's tear,
And blights with plagues the marriage hearse.

16 de novembro de 2008

Londres abandonada

Derelict London (Londres Abandonada) é o nome do site criado por Paul Talling, um acervo impressionante de imagens de lugares abandonados na cidade de Londres. O visual e a navegação do site são horrorosos, eu diria mesmo "derelict", fazendo juz ao propósito de Talling, mas as fotos são muito interessantes.

Dividido em seções como Pubs, Cemitérios, Casas, Veículos, entre muitas outras, lá podemos encontrar imagens impressionantes de prédios abandonados, e há até mesmo uma seção de Pessoas - sim, pessoas abandonadas - onde vemos fotos de bebuns e mendigos, em meio a punks, chavs e outras figuras estranhas.

Como diz o próprio autor, não se trata de uma compilação de imagens turísticas convencionais - pois difícilmente precisamos de mais uma dessas - e sim de uma mostra da vida diária em Londres.

Há uma seção especial dedicada à Battersea Power Station, ao sul do Tâmisa, transformada em ícone pop na capa do disco Animals, do Pink Floyd. O edifício, fechado desde 1983, ficou abandonado por anos, mas suas quatro chaminés características permanecem, preservando a lembrança daquela que foi um dia a maior construção de tijolos da Europa. Eu tirei a foto abaixo em fevereiro de 2008, na época em que a usina abandonada foi usada como cenário de Batman - The Dark Knight. Na ocasião, moradores das redondezas acharam que estava acontecendo um ataque terrorista no local, mas era apenas uma explosão feita pela equipe de filmagem.

Paul Talling acabou de lançar um livro, esse bem cuidado e bonito, com fotos de seu projeto. Vale a pena dar uma olhada.


Tempo

Como passa rápido o tempo! Eu não entendia muito bem quando meus pais me falavam isso, e nem ligava. Mas é verdade.  Sinto, como Mário Faustino, que o mês presente me assassina.
















Sinto que o mês presente me assassina,
Os derradeiros astros nascem tortos
E o tempo na verdade tem domínio
Sobre o morto que enterra os próprios mortos.
O tempo na verdade tem domínio
Amen, amen vos digo, tem domínio
E ri do que desfere verbos, dardos
De falso eterno que retornam para
Assassinar-nos num mês assassino.

(trecho de poema de Mário Faustino)

Les Bourgeois de Calais















A escultura de Auguste Rodin, representando os habitantes de Calais que se entregaram a Eduardo III para serem sacrificados em troca de o rei inglês poupar sua cidade, está no Victoria Park Gardens, bem ao lado do Parlamento, em Londres.

Aparentemente - segundo a Wikipedia -, há 13 cópias da escultura espalhadas pelo mundo. Havíamos visto uma delas no Museu de Arte de Basiléia, mas a de Londres está num lugar muito mais bonito. E as cores do outono no jardim fazem um belo contraste com a cor escura da estátua.















Abaixo, Somerfildo no Museu de Basiléia (Suíça), em meio aos burgueses de Calais.





9 de novembro de 2008

Eu moro em Hoxton há 81 anos e meio















Foto: 
Martin Usborne


Joseph (Joe) Markovitch vive em Hoxton há 81 anos e meio. Ele nasceu perto de Old Street, em 1° de janeiro de 1927. Ele se lembra de quando abriu o primeiro supermercado Tesco, nos anos 1920, em Bethnal Green, e tinha uma foto do filme My Fair Lady, e todo mundo usava chapéu. As pessoas não usam mais chapéu hoje em dia. Nem ele.

O fotógrafo londrino Martin Usborne avistou Joe pela primeira vez no verão de 2007, próximo a seu estúdio em Hoxton Square. Falou um pouco com ele, tirou umas fotos, achando que Joe era um mendigo ou bêbado, um tema excelente para um ensaio fotográfico. Começou a conversar com ele com mais frequência, e fotografou-o por meses, com a intenção de "ouvir a história de uma minoria negligenciada e aprender um pouco sobre os arredores de Hoxton". Acabou simpatizando imensamente com Joe e suas opiniões peculiares sobre as coisas.

O resultado desse encontro foi registrado em fotos, que mostram Joe em várias situações nos arredores de Old Street, além de objetos como chaves e rebites, que fazem ou fizeram parte da vida de Joe. E Usborne também foi anotando o que Joe falava, observações sobre a sua vida e a vida em geral. Com isso montou uma belíssima exposição de fotos dele e textos de Joe, misturando fotografia com sociologia, com um resultado supreendente.

A exposição ficou montada por apenas três dias, no Candid Arts Centre, atrás da estação de Angel (Islington), e eu tive a sorte de estar passando por ali num desses dias. E não me arrependi.

29 de outubro de 2008

Neve em Londres em outubro















Foto: Getty / Telegraph

Ontem, dia 28, lá pelas 10 da noite, começou a nevar em Londres, acontecimento totalmente fora de época.

A última vez que foi registrada neve em Londres no mês de outubro,  segundo o Met Office (Departamento de Meteorologia), foi em 1922.

Na manhã do dia 29, próximo ao Hyde Park, alguns carros ainda estavam parcialmente cobertos pela neve.


27 de outubro de 2008

Saatchi Gallery















A Saatchi Gallery, recém-inaugurada na King's Road, perto de Sloane Square, em Chelsea, é um espaço impressionante. A Saatchi se anuncia como o maior museu de arte contemporânea gratuito do mundo. Na prática é um show-room para lançamento de novos artistas escolhidos pelo especulador Charles Saatchi, que fez fortuna na área de publicidade e hoje ganha dinheiro no mercado de arte.

 A exposição de inauguração se chama "A Revolução Continua: Nova Arte Chinesa", e as várias salas mostram jovens artistas chineses, alguns até interessantes, alguns fracos, mas vale a visita.

A instalação "Asilo de Velhos" (Old Persons Home), de Sun Yuan e Peng Yu, mostra treze velhinhos em cadeiras de rodas elétricas - na verdade lembram grandes líderes políticos - movendo-se de um lado para outro em uma sala enorme. São esculturas hiper-realistas, e confesso que de início achei que eram velhos barbudos de verdade, contratados para ficar passando seu tempo nas cadeiras de rodas.

O público pode se mover entre os velhinhos, é meio bizarro mas curioso. Um pequeno vídeo da instalação pode ser visto aqui.





16 de outubro de 2008

Só em Mayfair















É, prezado leitor, é isso mesmo. Eu  ia tranquilamente almoçar quando me deparei com essa - um Hummer com rodas de carroça. Em Mayfair não faltam carros sofisticados e caros - é comum ver três, quatro Bentleys enfileirados - mas esse foi demais.

Tirei essa foto com meu celular, assim como todos que por ali passavam. O carro é notícia no blog Next Concept Cars, e as fotos foram feitas exatamente no mesmo lugar, na esquina de Old Burlington Street e Burlington Gardens, em frente ao restaurante Cecconi's.

Mayfair é o lado sudoeste do chamado West End de Londres, região que compreende a noroeste Marylebone, a nordeste Fitzrovia e a sudeste o Soho. No bairro ficavam as casas da aristocracia e dos super-ricos, que nos anos 1950 e 1960 foram se mudando para Kensington.  Com a primeira crise do petróleo no início dos anos 1970, houve um certo "revival" residencial, com os sheiks árabes comprando casas na região. Hoje a área tem escritórios, agências de publicidade, imobiliárias, lojas caríssimas e galerias de artes. Com tudo isso, como diz o escritor Ed Glinert, Mayfair não precisa realmente de habitantes. 

Para ficar em Mayfair sempre se pode gastar os olhos da cara em hotéis como o Connaught, o Claridge's e o Dorchester, símbolos de uma época que já se foi. Mas os habitantes do bairro existem, e pagam aluguéis caríssimos, os mais caros de Londres, em apartamentos muitas vezes mínimos e pertencentes a imobiliárias de árabes milionários. 

29 de agosto de 2008

Rutland Grove

Indo ao aeroporto de Heathrow, olhando para os nomes de rua, noto um nome peculiar: "Rutland Grove". Sim, a terra dos imortais Rutles! Saí do carro e tirei a foto:

















A rua fica em Hammersmith, W6:


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Os Rutles eram uma banda que parodiava os Beatles, com seus sucessos "All you need is cash" e "Get up and go". Stig Nasty, Ron O'Hara, Barry Wom e Dirk McQuickly eram quatro jovens com muito talento. Ron conheceu Dirk em 1959, em 43 Egg Lane, Liverpool, e logo depois se juntaram ao grupo Barry e Stig. A banda infelizmente acabou em 1970, quando Dirk processou Stig e Ron, Barry processou Dirk, Stig processou Ron e Barry, e Barry processou ele mesmo por acidente naquela confusão.

Veja um trecho da apresentação dos Rutles no Ed Sullivan Show, em 1964, aqui.


10 de fevereiro de 2008

Arquitetura Inglesa 2 - Georgiana















Arquitetura georgiana é o nome genérico dos estilos arquitetônicos correntes no período entre os reinados de George I a George IV (1714 a 1830). O estilo tomou o lugar do barroco inglês, que tinha entre seus maiores representantes Sir Christopher Wren, o responsável pela reconstrução de Londres após o grande incêndio de 1666.

O estilo caracterizava-se pela proporção e equilíbrio, e pelo uso das ordens clássicas da arquitetura (dórica, jônica e coríntia). Entre os nomes de destaque do período estão Robert Adams e Sir John Soane.

John Wood, o Moço (1728-1782), foi um conhecido arquiteto do período, que trabalhou principalmente na região de Bath (Somerset). O conjunto acima é o Royal Crescent, em Bath, considerado um dos mais importantes exemplos da arquitetura gerogiana no Reino Unido, fotografado num belo dia de fevereiro.