28 de dezembro de 2008

Pyongyang - uma viagem à Coréia do Norte




Vale a pena ler a história em quadrinhos Pyongyang (2003), de Guy Delisle, relato de dois meses que o animador canadense passou na capital da Coréia do Norte. Na época, o bizarro país asiático já era o maior recipiente de ajuda humanitária em todo o mundo, dinheiro que serve para preservar a memória do Grande Líder, Kim Il Sung (1912-1994) - pai do atual ditador Kim Jong Il e criador desse tenebroso parque temático esquerdista -, e ao mesmo tempo manter sua população na pobreza e nas trevas (literalmente, pois não há luz elétrica na maioria dos lugares por lá).

Muitos dos fatos absurdos registrados por Delisle são mais ou menos divulgados pela mídia: a obrigatoriedade de um guia local para acompanhar qualquer estrangeiro ou a proibição de visitar lugares como uma simples estação de trem (a não ser aquelas designadas especificamente), o controle absurdo que o Estado exerce sobre a população e a total inexistência de informações confiáveis sobre qualquer assunto . 

O metrô de Pyongyang fica a noventa metros de profundidade, e em caso de ataque, serve de abrigo anti-nuclear. Delisle diz não ter conhecido ninguém que tenha ido a mais de duas estações, e a por ele visitada tinha uma iluminação "digna de Las Vegas em uma cidade que mal tem eletricidade para alimentar os sinais de trânsito". O infame vídeo de propaganda disponível no YouTube mostra o tal metrô sendo visitado por "turistas" (os quais, sabemos, não existem naquele país).

O monstro Kim Jong Il, herdeiro daquela que Delisle chama de "a primeira e única dinastia comunista" (há controvérsias - o que dizer de Raúl Castro?), declarou em 1996 que "para a reconstrução de uma nova sociedade, apenas 30% da população precisa sobreviver". E nisso o país tem sido extremamente bem sucedido.

Kim Jong Il  é um anão tarado, que vive à base de conhaque Henessy e caviar enquanto o povo é forçado a uma dieta de 250 gramas de arroz por dia. Durante um período de fome generalizada nos anos 1990, quando morreram três milhões de pessoas, a fabricante francesa daquele conhaque revelou que a Coréia do Norte era um de seus melhores clientes, segundo Delisle. A cúpula do partido comunista vive em um enclave, uma cidade dentro da cidade, onde consomem do bom e do melhor.

A primeira tradução de Pyongyang foi para o idioma coreano - na Coréia do Sul, naturalmente -, e os editores daquele país ficaram satisfeitos por Delisle, ainda que irônico, não ter descrito uma visão "caricatural" do vizinho do Norte - afinal de contas são todos coreanos. O site do autor traz alguns interessantes comentários e perguntas do tradutor coreano (em francês).

O livro tem tradução em português,  publicado pela editora Zarabatana. Recomendamos.

Um comentário:

Susie disse...

Já sei por onde não passar quando resolver conhecer a Ásia :)
Parece bacana esse livro.
Beijos