25 de abril de 2009

O Maravilhoso Mundo do Lego Arrumado

foto fora de foco: Somerfildo

Franelinhas

- Vai lavar o carro hoje, dotô?
- Não.
- Então é só vigiar né?
- Nem vigiar.

É óbvio que depois de manter esse diálogo com um "franelinha" (também conhecido como "guardador") num dos estacionamentos ditos públicos da capital federal, eu entrei de novo no meu carro e fui procurar outro lugar para estacionar. O sujeito nem era dos mais agressivos, afinal de contas Brasília ainda não é o Rio de Janeiro - onde a extorsão é tradicional, ostensiva e generalizada - no entanto é melhor não arriscar ter o carro arranhado.

Mas a coisa só está piorando, e os depoimentos publicados no Correio Braziliense revelam que os meliantes candangos já começam a utilizar as técnicas sindicais de seus colegas cariocas: estipular um valor pelo serviço inútil, cobrar adiantado e fazer ameaças explícitas. Polícia para coibir essas atividades, nem pensar.

Minha geração, formada que foi no maldito pensamento esquerdista, costuma ser tolerante até certo ponto, porque é claro que o sujeito que é franelinha "não teve outra opção na vida", e é um "excluído". Ninguém pensa isso de fato, é só discurso politicamente correto, e qualquer pessoa minimamente inteligente sabe que se um carro for roubado o franela não vai fazer nada, e o pagamento na prática serve para evitar que ele mesmo danifique o veículo. E até a polícia tem a cara de pau de justificar sua inação sustentando que "não tem como proibir", "eles sempre voltam".

E em algumas cidades brasileiras, essa profissão que nem deveria existir já é organizada em sindicatos, caminho certo para começar a pleitear verbas dos governos para estruturar a "catiguria", e assim em pouco tempo sermos todos extorquidos por franelas com carteira assinada. 

16 de abril de 2009

Maurice Druon (1918-2009)


foto: SIPA Press / NY Times

Morreu ontem aos 90 anos o escritor francês Maurice Druon. Autor do hino da resistência francesa contra os nazistas - o "Chant des Partisans" -, era visto pela esquerda como símbolo do conservadorismo da velha França.

Druon foi por duas décadas presidente da Academia Francesa, Ministro da Cultura e era um ferrenho defensor da língua. Era um crítico do francês coloquial do atual presidente Sarkozy (isso, aquele que fala "chui" ao invés de "je suis", nos seus arroubos de populismo linguístico), e das mudanças políticamente corretas na língua - como o uso de "Madame la Ministre" ao invés do linguisticamente correto "Madame le Ministre".

Abaixo, a letra do "Chant des partisans".

Ami, entends-tu le vol noir des corbeaux sur nos plaines ?
Ami, entends-tu les cris sourds du pays qu'on enchaîne ?
Ohé, partisans, ouvriers et paysans, c'est l'alarme.
Ce soir l'ennemi connaîtra le prix du sang et les larmes.

Montez de la mine, descendez des collines, camarades !
Sortez de la paille les fusils, la mitraille, les grenades.
Ohé, les tueurs à la balle et au couteau, tuez vite !
Ohé, saboteur, attention à ton fardeau : dynamite...

C'est nous qui brisons les barreaux des prisons pour nos frères.
La haine à nos trousses et la faim qui nous pousse, la misère.
Il y a des pays où les gens au creux des lits font des rèves.
Ici, nous, vois-tu, nous on marche et nous on tue, nous on crève...

Ici chacun sait ce qu'il veut, ce qu'il fait quand il passe.
Ami, si tu tombes un ami sort de l'ombre à ta place.
Demain du sang noir sèchera au grand soleil sur les routes.
Chantez, compagnons, dans la nuit la Liberté nous écoute...

Ami, entends-tu ces cris sourds du pays qu'on enchaîne ?
Ami, entends-tu le vol noir des corbeaux sur nos plaines ?




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11 de abril de 2009

Sábado de Aleluia

"Imparcialidade é um nome pomposo para a indiferença, 
que por sua vez é um nome elegante para a ignorância"
G. K. Chesterton


Neste sábado de Aleluia fui almoçar com amigos num pub na pequena vila de Flaunden, Hertfordshire, a pouco mais de uma hora de Londres, já no "countryside". O nome bem comum, Bricklayers Arms, esconde um ótimo "gastropub", recomendado pelo guia Michelin, considerado Pub do Ano para Jantar  pelo "Good Pub Guide 2009" e Pub do Ano 2008 pelo "The Great British Pub Awards", entre outros prêmios. Os preços não são altos, com pratos em torno de 15 libras e uma excelente carta de vinhos também a preços razoáveis. 

O pub fica num lugar muito bonito, e é realmente imperdível para quem visita Londres com um pouquinho mais de tempo para ver além das atrações turísticas básicas. O ideal é ir de carro, mas é possível chegar lá de metrô (Metropolitan Line até Watford) e depois pegar um táxi até o pub (talvez cerca de 15 minutos).




Depois do almoço fomos até Beaconsfield, a 20 minutos de carro, onde viveu por anos e está enterrado o grande escritor inglês G. K. Chesterton (1874-1936). Criador das histórias de detetive do Padre Brown, autor de romances e ensaios, era jornalista por profissão e politicamente conservador. Famoso por suas frases cáusticas e irônicas, a maior parte de aplicação imediata no nosso Brasil de hoje, Chesterton dizia que "não é que não tenhamos calhordas em número suficiente para amaldiçoarmos, o que não temos é bastante homens de bem para fazê-lo", e surpreendia-se com o pequeno número de políticos que eram efetivamente enforcados.

A lápide de seu túmulo foi feita pelo artista e tipógrafo Eric Gill, e hoje está na igreja de Sta. Teresa, perto do cemitério, onde foi substituída por uma cópia, pois o original estava se deteriorando. Sta. Teresa era a paróquia de Chesterton, convertido ao catolicismo em 1922, e a igreja traz várias lembranças do escritor, entre elas uma pedra onde está gravado o belo poema  The Ballad of God-Makers, uma leitura inspiradora para a Semana Santa.

5 de abril de 2009

O submarino amarelo


Hoje eu terminei o meu submarino de Lego: o submarino amarelo! Ele tem uma escotilha que funciona e é oco.